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sábado, 30 de abril de 2011

sobre a razão e a paixão


A vossa alma é muitas vezes um campo de batalha, em que a vossa razão e o
vosso julgamento estão em guerra contra a vossa paixão e o vosso apetite.
Pudesse eu ser o pacificador da vossa alma e transformaria a discórdia e a
rivalidade dos vossos elementos numa união e melodia.
Mas como o poderia fazer, a menos que vós também fosseis pacificadores,
amantes de todos os vossos elementos?
A vossa razão e a vossa paixão são o leme e as velas da vossa alma
navegante.
Se um de vós navegar e as velas se partirem, só podereis andar à deriva ou
ficar imóveis no meio do mar.
Pois a razão, só por si, é uma força confinante; e a paixão, não controlada, é
uma chama que arde provocando a sua própria destruição.
Por isso deixai a vossa alma exalar a vossa razão até ao auge da paixão, de
forma a poder cantar;
E deixai que ela oriente a vossa paixão com razão, de forma a que a vossa
paixão possa viver através da sua ressurreição diária, e, qual fénix, renascer das
próprias cinzas.

Eu comparo o vosso julgamento e o vosso apetite com dois hóspedes
queridos que recebeis na vossa casa.
Com certeza não irieis favorecer um mais que o outro; pois aquele que o fizer
perderá o amor e a confiança dos dois.
Entre as colinas, quando vos sentais à sombra fresca dos brancos álamos,
disfrutando da paz e serenidade dos campos e prados distantes deixai o vosso
coração dizer silenciosamente,
"Deus repousa na razão".
E quando vier a tempestade, e o vento forte assolar a floresta, e a trovoada e
os relâmpagos proclamarem a majestade do céu, deixai que o vosso coração diga
"Deus move-se na paixão".
E uma vez que sois um sopro na esfera de Deus e uma folha na floresta de
Deus, também vós devieis repousar na razão e mover-vos na paixão.

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