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sábado, 25 de junho de 2011

A Sustentabilidade e a Durabilidade dos relacionamentos


Este é um comentário a um post do blog Coletiva-Mente sobre a fragilidade dos laços afetivos e ritmo veloz da vida moderna, Pensamento vago e displicente acerca da fragilidade afetiva.

Gostei da preocupação com a fragilidade dos laços afetivos. Se eu puder dar uma contribuição, eu quero dizer que também é importante saber quando é preciso desistir de um relacionamento insustentável. Porque o caso é que de nada adianta ficar tentando manter uma coisa que não é verdadeira. E um dos motivos pelo qual os relacionamentos não duram é que eles iniciam do modo errado, eles se fundamentam nas coisas erradas, e mal fundamentados eles são como um projeto que, cedo ou tarde, se revelará inviável, impossível de manter, não importa o quanto tentemos. Então, para valorizar a durabilidade de um relacionamento, nós temos que prestar muita atenção naquilo que está na base do relacionamento. Se a base não é firme, talvez seja necessário acabar com ele, e talvez começar do zero, em novas bases, se ainda houver interesse mútuo. 

Um relacionamento precisa de uma coisa: cumplicidade. Se um não está disposto a defender o outro ao custo do seu próprio bem-estar, se não está disposto a permanecer junto nos momentos de necessidade, mesmo que prefira estar em outro lugar, ou mesmo que seja perigoso ficar junto, então não há cumplicidade. E o que vemos nos relacionamentos modernos é um atacando e acusando o outro, mesmo que de "brincadeira", o tempo todo. Um competindo com o outro por qualquer coisa. Um querendo manipular o outro. Um abandonando o outro na primeira chance que tem de obter mais prazer em outro lugar. Isso também fragiliza os relacionamentos, porque ambos fazem uma espécie de pacto de não-cumplicidade (cada um faz o que quiser sem precisar se limitar pelo outro), e aí depois ficam reclamando que não são compatíveis, que o amor acabou, que há brigas, ciúmes, traições. Oras, não há como haver compatibilidade nem confiança sem cumplicidade. Se você não sabe se o seu parceiro vai te delatar para seu inimigo na primeira chance que tiver, como confiar nele?

E cumplicidade não é fechar-se num ciúme doentio, mesmo que mútuo ou socialmente aceitável, onde cada um cria obstáculos para impedir o outro de se relacionar com outras pessoas. Infelizmente, muitos dos relacionamentos afetivos e amizades que duram muitos anos se mantém com base nessa espécie de invólucro herméticamente fechado ou sociedade secreta, em que todo elemento estranho que se aproxime demais começa a ameaçar a paz e a saúde do relacionamento. Isso revela a mentira, e nenhum relacionamento baseado na mentira e na ausência de liberdade é sustentável, por mais que possa se arrastar por anos.

Portanto, para valorizar a sustentabilidade de um relacionamento, não adianta tentar manter a durabilidade a qualquer custo. Tanto no relacionamento sem liberdade quando no relacionamento vago e solto demais, o que falta é cumplicidade.