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terça-feira, 10 de maio de 2011

O importante é sentir.

Um dos maiores dilemas existenciais do homem moderno é como jogar adequadamente com o binômio lógica e emoção. Quando ser lógico e quando ser emocional? Como dosar adequadamente essas duas propriedades tão humanas que parecem ser antagônicas, mas que na verdade são complementares? Quanto de emoção, devemos colocar em nosso trabalho e quanto de razão em nossas relações afetivas? Essas questões são pertinentes e passam por nossa mente mesmo sem termos consciência.

Esse assunto é muito pertinente dentro da chamada "Era do Conhecimento", que tem como características a grande competitividade e a relação do conhecimento com a competência necessária para participar do jogo. E é justamente nesse cenário que começamos a encontrar as respostas para essa questão. A explicação, que vem da psicologia, diz que não somos capazes de absorver conhecimento mas sim de construí-lo. Em outras palavras, conhecimento não se transfere - se constrói. Então vem a pergunta infalível: como se faz isso?
A equação é simples: conhecimento = informação + sentido + afeto. Ou seja, só conseguiremos construir conhecimento se percebermos o sentido da informação e conseguirmos criar com ela algum tipo de ligação afetiva. Opa, razão e sensibilidade reunidas com um propósito comum. E o mesmo acontece no trabalho, pois a pessoa trabalha melhor pelo mesmo motivo, associando sua atividade com a percepção do valor do mesmo (sentido) e a criação de uma ligação emocional (afeto).
A literatura costuma tratar dessa questão com muita freqüência. Um dos melhores exemplos é o livro “Razão e Sensibilidade” da inglesa Jane Austen, que conta a história de duas irmãs, Elinor, a “racional”, e Marianne, a “sensível”. Durante toda a história o leitor fica curioso para saber qual das duas vai se dar melhor. Elas pertencem a uma família rica que, com a morte do pai, é obrigada a reduzir drasticamente o padrão de vida. Como as moças estão em idade de casar, percebem que agora essa missão será mais difícil, pois os “bons partidos” fatalmente se afastarão, pela falta do dote.
A sociedade inglesa da época é totalmente obcecada por status. Há um clima de vigilância sobre a condição financeira de todos, e são valorizados os sobrenomes e os títulos. É claro, as irmãs estão condenadas a sofrer muito, pois começam a encontrar resistência das famílias a que pertencem os rapazes por quem se apaixonam.

As irmãs se ajudam mutuamente e conseguem, dessa forma, suportar as vicissitudes e atingir seus objetivos. A autora deixa claro que uma depende da outra, jogando com a idéia de que todos nós somos dotados das duas qualidades mentais, a lógica e a emoção, e que ambas são importantes e complementares. Todos somos Elinor e Marianne, e é bom que assim seja na proporção adequada que cada momento exige. E o adequado é decidir racionalmente e viver emocionalmente. No entanto, é muito grande o número de vezes que agimos ao contrário disso, tomando decisões emocionais e depois tendo que viver racionalmente, até corrigir os erros das decisões inadequadas.
No final da história ficam todos felizes, menos os esnobes rancorosos. E o curioso é que a racional Elinor cede aos encantos do amor verdadeiro de Edward, enquanto a sensível Marianne dobra-se ao comportamento lógico e adequado do coronel Brandon. É a história de nossas vidas. Razão e sensibilidade são complementares e necessários, e não opostos e excludentes. Aprendemos quando percebemos o significado do que estamos aprendendo, trabalhamos melhor quando conseguimos estabelecer uma ligação afetiva com nosso trabalho. E sempre lembrando: decidir racionalmente, para poder viver emocionalmente. Jamais o contrário!


Leia mais: http://obviousmag.org/archives/2010/02/razao_sensibilidade_arte_de_pensar_sentir.html#ixzz1LyMQu2MN



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